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Se você ainda não leu nenhum livro do Yuval… está perdendo! Aqui no canal já fiz resenhas de outros títulos dele: Homo Deus e 21 Lições para o Século 21. Em Homo Deus, Yuval analisa, com base na história, como podem ser os próximos mil anos da humanidade. Já em 21 Lições, ele aborda os desafios deste século. Apesar de prever uma grande revolução computacional, na época ainda não se discutia a inteligência artificial como vemos hoje. Agora, com Nexus, Yuval amplia suas análises e introduz a IA como um agente totalmente disruptivo na história humana.
A capa e o título
Vamos começar pela capa. A pomba, além de uma história que ele conta na introdução — sobre como ela salvou um batalhão inteiro de soldados ingleses — simboliza nossa capacidade de comunicação, de trocar mensagens e agir com base nelas. Em inglês, o título tem um jogo de palavras: NEX-US pode ser interpretado como “o próximo para nós” (next for us). Além disso, nexus significa “nexo” em português, uma conexão ou coerência entre situações, e essa ideia é central no livro.
Três conceitos principais
O livro explora três conceitos principais:
1. As relações intersubjetivas dos seres humanos.
2. A visão ingênua da informação versus a visão populista da informação.
3. A dinâmica entre ordem e liberdade na era da inteligência artificial.
Verdades humanas
Yuval identifica três tipos de verdade:
• Objetiva: Algo que existe independentemente de nós, como uma caneca que todos reconhecem como caneca.
• Subjetiva: Nossos sentimentos e experiências pessoais, válidos apenas para nós.
• Intersubjetiva: Verdades compartilhadas entre pessoas, baseadas em narrativas ou crenças, como o valor do dinheiro, a existência de governos, ou a fé religiosa.
A humanidade sempre criou essas verdades intersubjetivas, que nos permitem cooperar em larga escala. O dinheiro, por exemplo, só tem valor porque todos acreditamos nisso. O mesmo ocorre com instituições e mitos religiosos. Até hoje, apenas nós, humanos, éramos os criadores dessas narrativas. Mas a inteligência artificial traz algo novo: pela primeira vez, temos um agente externo capaz de criar verdades intersubjetivas.
A busca pela verdade
O segundo conceito trata de como buscamos a verdade. A visão ingênua sugere que mais informação nos aproxima da verdade, mas a era da internet mostrou o contrário: informação em excesso, sem critérios, pode nos afastar da verdade. Já a visão populista vê a informação como poder, independentemente de ser verdadeira ou falsa. Nesse contexto, espalhar “verdades próprias” vira uma ferramenta de manipulação.
Yuval propõe uma abordagem intermediária, na qual a informação pode ser usada com sabedoria, não apenas como arma ou matéria-prima de poder.
Ordem e liberdade
O terceiro conceito explora a dinâmica entre ordem e liberdade. Redes de informação baseadas na ordem — como religiões — oferecem estabilidade, mas resistem a mudanças. Já a ciência, uma rede de autocorreção, privilegia a liberdade ao revisar constantemente o que é considerado verdade. Na era da IA, precisamos equilibrar esses dois princípios para evitar um apocalipse informacional.
Conclusão
Yuval nos alerta sobre os perigos de não controlar a IA desde o início. Ele apresenta cenários apocalípticos, mostrando como esse agente alienígena pode desestabilizar nossa sociedade. Ao mesmo tempo, enfatiza a necessidade de temperança e moderação para usarmos essa nova ferramenta em benefício coletivo. Mas ele mesmo reconhece que a humanidade tende a se unir e agir com sobriedade apenas em momentos de calamidade.
Apesar das incertezas, Yuval nos convida a refletir sobre o futuro e como podemos construir uma sociedade mais forte e consciente. Nexus é uma leitura indispensável para desconstruir dogmas e enxergar o amanhã com mais clareza.
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