Hoje vamos falar sobre a expectativa e a realidade de ser um artista.
Vamos começar com a EXPECTATIVA:
Artista é uma cara que trabalha bêbado. Ele acorda em um apartamento desconhecido após uma noitada de festa. Acende um cigarro, senta frente uma máquina de escrever e as palavras começam a fluir de sua mente como se tomado por um Daemon criativo. Ele olha para o papel, corta algo, escreve mais, escreve o melhor poema que o mundo já viu. Vem um agente e bate à sua porta: “Você escreveu mais um poema?” E o artista escorraça aquele homem dali, pois sua arte não tem preço. Ele trabalha para a arte em si e nenhum dinheiro do mundo pode pagar por sua criação, mas mesmo assim aceita os milhões de dólares e entrega o poema. Quando, ao sair do apartamento, rumo a um iate de uns amigos, ele é abordado por fotógrafos e repórteres que querem saber sobre sua vida, querem uma foto, uma declaração, o artista acha aquilo uma absurdo, xinga e vai embora passar o fim de semana na Costa Amalfitana para descansar.
Pois é… e a realidade?
A realidade é que esse artista não existe. Há no imaginário coletivo o mito do artista. A pessoa que cria sem esforço algum. Ela cria porque ela é assim. Agora, quero que você me mostre um artista neste mundo que não tenha feito das tripas coração a fim de parir sua arte. O inovador que nunca chorou, que nunca pensou em desistir, que nunca desistiu e voltou; o criador que nunca cortou na sua própria carne para fazer o que ama. A única semelhança entre a expectativa e a realidade é que ambos criam, não só pelo dinheiro, mas porque precisam criar. Nós precisamos inovar. Criar é dar uma nova estrutura para o mundo.
A realidade do artista é que existe, primeiro, muita prática, muito suor e lágrimas. O dançarino tem que dançar, o músico tem que tocar, o escritor tem escrever. Só assim que se lapida a pedra em busca do diamante. Pela PRÁTICA. "Mas como começar, se nunca pratiquei nada?" Nós começamos imitando os outros. Para nós a imitação já é uma explosão de criatividade. A imitação serve para praticar nosso ofício. O segundo momento é, depois de muito praticar, quando nós começamos a dominar a técnica, começamos também dar forma à nossa própria visão. E por fim, sempre nessas idas e vindas entre experimentar e treinar, chegamos a um nível mais profundo, o momento em que começamos realmente a criar algo novo, uma nova estrutura para a sociedade como um todos. Quando já submetemos à técnica a nossa visão e começamos alterar a realidade.
Com a nossa criação criamos conexões com pessoas, com comunidades inteiras. E surge o efeito da sincronicidade.
Sincronicidade foi um termo cunhado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung que diz: Nós mudamos e o universo incrementa e expande ainda mais esta mudança.
Sincronicidade é diferente de coincidência. Nós pedimos, nós rezemos, mas temos medo de ter nossas preces atendidas, pois isso implica responsabilidade. Você pediu. Agora que recebeu, o que vai fazer? Não é à toa que dizem “Cuidado com aquilo que deseja, pois pode acabar virando realidade”. Orações respondidas nos devolvem ao leme de nossa vida. Isso não é confortável. Quer ver um exemplo de sincronicidade?
Desperta em você o sonho de ser atriz, sufocado há muito tempo. Dias depois, em uma saída com amigos, senta ao seu lado um professor de teatro. Ou você quer voltar a estudar inglês, de repente fala com um amigo que está se matriculando em um curso e pergunta se não quer participar também. Você canta de forma amadora e deseja se tornar um profissional. Uma noite qualquer encontra um produtor que viu o seu show, acredita no seu talento e quer marcar uma reunião para conversarem. Você quer mudar de carreira, quer ir para a área da moda, compra um livro sobre o tema e senta no avião ao lado de um consultora de moda.
Ou como escrito em Mateus 7:7 “Pedi e vos será dado.”
Mas o que isso tem a ver com a realidade de um artista? Você quer criar e inovar? De coração? Quer vir para o lado criativo da força? Então lhe será dado. A responsabilidade cairá em seu colo. E você está preparado? Ou melhor, como se preparar? Prática. Prática, Expressão, Criação. Repete. Essa é a realidade do artista.
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